sábado, 7 de abril de 2012


A vida quotidiana

As alterações na sociedade:

A revolução de 1820 e a política de desenvolvimento, iniciada pelos governos liberais, levou a uma nova organização social:
 


- A Nobreza: Perdeu muitas das suas regalias e direitos apesar de continuar com muitas terras. Passou a pagar impostos e deixou de poder exigir aos camponeses que trabalhassem gratuitamente para si.








- O Clero: Também perdeu importância. As ordens religiosas foram extintas e as suas terras passaram a pertencer ao estado.

 









- O Povo: Continuou a viver com dificuldades contudo passou a ter os mesmos direitos e deveres que os outros grupos sociais.










- A Burguesia: Tornou-se no grupo social mais importante devido ao enriquecimento do comércio, a indústria, a actividade bancária e começou a desempenhar cargos importantes no governo.














A vida quotidiana no campo:

Os novos donos da terra:

As pessoas que viviam no campo eram na sua maioria gente do povo: rendeiros, jornaleiros, criados, moços de lavoura e outros…

Toda esta gente trabalhava, normalmente, em terras que não eram suas:
- Uns trabalhavam nas propriedades de burgueses;
- Outros trabalhavam nas propriedades de alguns nobres.

Povo a trabalhar nas terras




 

O dia-a-dia do camponês:

No século XIX a vida dos camponeses era e sempre foi difícil e dura. Era difícil porque aqueles que trabalhavam a terra viviam pobremente. Os rendeiros viviam pobremente porque depois de pagar a renda do S.Miguel só ficavam com dinheiro para se alimentarem e vestirem. 

A agricultura e a criação de gado continuavam a ser as principais actividades da gente do campo. Trabalhavam 24 horas nas inúmeras tarefas que as estações do ano lhes sucediam: a lavra, a sementeira, a rega, a ceifa, a poda, a recolha de matos e lenhas.

Trabalho agrícola


Habitação do camponês: 

O camponês e a sua família viviam numa casa muito pequena. A cozinha com lareira era a principal divisão.  A casa do camponês não era igual em todas as regiões do País. O clima e os materiais de construção, diferentes em cada local, faziam variar a habitação de Norte a Sul de Portugal.Os camponeses mais pobres viviam em casebres.

Casebre (1 divisão)

 Alimentação do Camponês:

 

A alimentação era muito pouco variada. Comiam pão de milho ou centeio, a sopa e o vinho. Também se comiam batatas, azeitonas, uma sardinha ou um pouco de gordura de porco.

 

Camponesa a cozinhar

Vestuário e Divertimentos do povo:

O vestuário do povo variava conforme o clima e os trabalhos próprios de cada região.

Os divertimentos que o povo gostava eram ligados a certos trabalhos e às festas da igreja:
             - a ida à feira e às desfolhadas
             - assistir às corridas de touros
             - participar nas procissões e romarias (eram os mais apreciados).

 Ao Domingo, no largo das aldeias, as mulheres cantavam ao desafio e os homens jogavam ao fito (ou malha), subiam ao mastro ou faziam o jogo das bilhas.

A festa na Aldeia



Atividades:


  1. No século XIX quem eram os donos das terras? Quem trabalhava as terras?
  2.  Quais eram as principais actividades dos camponeses? 
  3.  Porque é que o vestuário dos camponeses era diferente de região para região? 
  4. Indica dois divertimentos do povo.
  5. Escreve um paragrafo a falar sobre o que achas que se fazia na festa da aldeia. 

 
A fuga no Campo:


Com o aumento da população no século XIX fez com que nas áreas rurais existissem trabalhadores do campo desempregados ou eram muito mal pagos.

Com esta miséria alguns trabalhadores fugiram das suas aldeias e foram viver para outros locais. Deu-se assim, um grande "êxodo rural" (fuga no campo).

Anos:
Agricultura:
Indústria:
1854
76%
12%
1864
70%
15%
1878
69%
16%
1890
67%
18%
Fig.2: Percentagem de trabalhadores na agricultura e na industria




 

 Uns fixaram-se nas cidades, sobretudo em Lisboa e no Porto, na esperança de encontrarem um emprego e melhores condições de vida.
Outros emigraram, principalmente para o Brasil, pois tinham esperança que iam encontrar trabalho e de poderem construir uma nova vida de lado de lá do Atlântico. Estes emigrantes atravessaram o Atlântico em barcos a vapor.

A maioria dos emigrantes eram naturais do Minho, Douro, Trás-os-Montes, Açores e Madeira.

 A despedida (quadro de António José Patrício, 1858)
            
Gráfico de evolução
da emigração séc.XIX

 Alguns emigrantes "brasileiros" regressaram com verdadeiras fortunas. E a primeira preocupação desses "brasileiros" era comprar terrenos e construir uma casa luxuosa!
             Pelas casas que habitavam, pela maneira de vestir e pelas ofertas que faziam à igreja, tornaram-se pessoas influentes na vida das suas terras. 

Com a chegada do Brasileiro, o povo ficava á entrada da aldeia aguardando por ele.                                                                                                                                                                           


 Quando o momento chegava, dúzias de foguetes eram lançados no céu.

Caricatura do brasileiro


A vida quotidiana nas grandes cidades

A modernização das cidades


O crescimento de Lisboa
1-Fins do século XVIII, 2- 1852, 3- 1895
Como irão ver no mapa ao lado, durante a segunda metade do século XIX, a criação de muitas indústrias, a evolução dos meios de transporte e comunicação e o aumento da população contribuíram para o crescimento das cidades.

Principalmente as cidades de Lisboa e Porto que mais cresceram e se modernizaram com as novas construções:

1.     Vias de comunicação e espaços públicos:
          Abriram-se avenidas;
          Pavimentaram-se ruas;
          Fizeram-se passeios;
          Arranjaram-se jardins;
2.     E construíram-se novos edifícios públicos tais como:
        Mercados;
        Tribunais;
        Teatros;
        Escolas;
        Hotéis;
        Estações de Comboio;
        Pavilhões de exposições

Avenida da Liberdade - Lisboa nos finais do século XIX
Já nos finais do século XIX, se viam candeeiros, policias automóveis e carruagens.

Foram também criados alguns serviços  importantes que tornaram a vida na cidade mais cómoda, segura e saudável.


  • Cómoda: 
  • Transportes públicos coletivos
  • Segura: 
  • O primeiro corpo de bombeiros. Policiamentos nas ruas. Iluminação Pública.
  • Saudável: 
  • Recolha de Lixo.Instalação de redes de esgotos e de água canalizada.


O Chora



O dia a dia da população da cidade

  • Como viviam os nobres e os burgueses
A burguesia era o grupo social mais importante da cidade. Os burgueses destacavam-se pela sua riqueza e pelos cargos e profissões que desempenhavam: industriais, banqueiros, comerciantes, militares, membros do governo, professores, médicos, advogados, funcionários públicos.
A alguns burgueses mais ricos o rei concedia-lhes títulos de nobreza: títulos de visconde, conde, barão. Surgiu assim a ''mania dos títulos'' que era motivo de critica popular.
No entanto houve ainda alguns burgueses que tentaram mostrar que o trabalho, sucesso profissional e a inteligência valia mais do que herdavam.
Rua dos ingleses, Porto
(os homens de negócios, reuniam-se nesta rua)

A alta burguesia habitava em ricas e luxuosas casas normalmente rodeadas por um jardim e situadas muitas vezes nos arredores da cidade. Alguns burgueses com menos dinheiro a chamada classe media habitava nos novos bairros em confortáveis andares.


A alimentação da burguesia e da nobreza era rica e variada. Apreciavam muito os pratos de carne e os doces-compotas, pudins e bolachas. Nas pastelarias e cafés eram os maiores consumidores de chá,café,refrescos e gelados.
Jantar de aniversário em família 



Damas e cavalheiros vestiam-se segundo a moda francesa reproduzida nos figurinos. E com a moda chegaram novas palavras como: “toilette’’, “tule’’, “plissado’’, “paletó’’, “chique’’.
 As senhoras: usavam vestidos compridos até aos pés. As mangas eram tufadas e, nos vestidos de baile, os decotes eram grandes. Na cabeça, o chapéu era indispensável, mas em dia de festa, podia ser substituído por flor e rendas. Tinham um cuidado especial com os penteados, o pó de arroz e os perfumes.
 Os homens: usavam calças, a direito, como as do nosso tempo, e sobrecasaca ou paletó. Não dispensavam o colete e, ao pescoço, o lenço ou a gravata. Preocupavam-se com o bigode encerrado, as patilhas, o alfinete de gravata e a bengala.
 As crianças: meninos ou meninas, vestiam de igual até aos 6 ano. Depois dessa idade o seu vestuário ara igual ao dos adultos.
Os burgueses e os nobres, preocupavam-se sempre em escolher a ''toilette'' conforme a situação.
Moda no século XIX

Tinham divertimentos próprios. Frequentavam os jardins- o Passeio Público, ou o Jardim de S.Lázaro-, do teatro, da ópera, dos jogos de salão, dos bailes dos clubes, dos cafés.
Teatro S.Carlos (uns dos teatros mais luxuosos
da época)
  

O passeio público em Lisboa era um parque ajardinado delimitado por um gradeamento. A ida ao passeio público constitui outro rito social muito em voga no século XIX. Lá operavam-se uma série de importantes distinções sociais, sendo, no entanto, local privilegiado de encontro da burguesia. Nesta passeia-se na alameda central ao fim da tarde, enquanto os outros vão circulando pelos lados. Domingo era o dia de todos terem acesso ao Passeio, local de ostentação. 


O passeio público parece ser o local onde se vai, na Lisboa do século XIX, para se ser visto. Além do simples passeio e convívio, o passeio contava ainda com animação, de que constavam iluminações e fogo preso e muita musica tocada nos coretos

Passeio Público

Os burgueses aproveitavam luxuosamente a época do Verão. Faziam muitos piqueniques, passeios, desportos, andavam de bicicleta, iam às termas e iam a banhos (á praia).

O banheiro (profissão surgida na época) ajudava e ensinava a nadar.


Praia de Banhos

Foi no final do século que filhos de ricos burgueses ingleses fundiram o futebol e começaram a organizar os primeiros jogos. Hoje em dia, aqui na Europa, o futebol é o desporto mais praticado, mas naquela altura, mesmo perante esta descoberta, a equitação, a esgrima e a vela continuavam a ser os mais famosos e os desportos mais praticados.

Jogo de futebol

Classes Populares


A maioria da população urbana do século XIX pertencia às classes populares. As condições de vida e de trabalho desta classe social eram miseráveis e viam-se á rasca para sobreviver. Trabalhavam desde crianças em actividades muito duras e muito mal pagas. Desempenhavam inúmeras profissões e serviços: vendedores ambulantes, criados, escriturários, operários, empregados de balcão, etc..

Com a modernização e o crescimento das cidades, surgiram algumas novas profissões como os canalizadores, os carteiros, e os empregados de transportes públicos.


   Os vendedores ambulantes, logo ao amanhecer, corriam as ruas a apregoar os seus produtos com uma linda cantilena com vista a convencer o comprador

As Pregoeiras do Séc.XIX 

As classes populares habitavam bairros miseráveis e cheios de pessoas, situados nas zonas mais pobres das cidades, sem condições mínimas e aceitáveis, sem higiene e sem segurança. Estes bairros partilhavam o nome de “pátios” em Lisboa e “ilhas” no Porto.

As casas onde viviam eram pequenas, velhas e apertadas sem qualquer mobiliário, nem esgotos ou água potável.


Bairros no século XIX



A sua alimentação era pobre, barata, pouco variada e era comida em poucas quantidades. Comiam toucinho, pão, bacalhau, batatas, arroz, e sardinhas.
Os mais pobres e necessitados passavam muita fome. Era comum encontrar pedintes nas ruas da cidade. As crianças e os mais velhos eram os mais encontrados.



Rua de um Bairro Pobre cheio de Pedintes

Pobreza na alimentação


O vestuário das classes populares era simples, pobre, pouco variado, e conforme a sua profissão. Não tinham tempo nem dinheiro para se preocupar com a moda vinda de França. 

Vestuário do Povo 
O divertimento das pessoas pertencentes a esta classe social era pouco, o dinheiro e o trabalho também não ajudavam. Ao fim do dia, os homens juntavam-se na taberna ou na tasca para conversar e beber.
Apesar deste novo hábito, os principais locais de convívio continuavam a ser as feiras, as festas religiosas, as romarias, e a rua.


Na taberna

A luta do operariado


Os operários que trabalhavam nas fabricas de Lisboa e do Porto tinham uma vida muito dura. Trabalhavam mais de 12 horas diárias, inclusive as mulheres e as crianças. Recebiam um salário baixo, gasto quase totalmente na renda de casa e na alimentação.
O salário das mulheres era menos de metade dos homens. Na segunda metade do século XIX, os operários de Lisboa e do Porto já tinham um novo grupo social "o operariado". Começaram a organizar as primeiras associações de operários e as primeiras greves. Durante a greve ficavam nas ruas como protesto contra os baixos salários e as condições de trabalho que os patrões exigiam.

Desde estas greves a população começou a tomar consciência de que podiam lutar pelos seus direitos...

Greve dos operariados




Atividades:

  1. Quais foram os principais locais de destino da maioria dos emigrantes portugueses do século XIX?
  2. Quais foram as cidades que mais cresceram em Portugal no século XIX?
  3. Indica quatro elementos de modernização das cidades que podes ver na imagem ''Avenida da Liberdade''.
  4. Que profissões desempenhavam os burgueses nas cidades do século XIX?
  5. Indica duas características das habitações da alta burguesia.
  6. Qual é a palavra francesa ligada ao vestuário?
  7. Comenta a frase '' Desde estas greves a população começou a tomar consciência de que podiam lutar pelos seus direitos''. 
  8. Completa o esquema:
            Condições de vida das classes populares urbanas no século XIX:
  • Habitação...
  • Alimentação...
  • Vestuário...

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Trabalho realizado por: Filipa Carneiro, João Francisco Vale, Mariana Abrunhosa, Diogo Capa e Marc Ortega.